Quem nunca sofreu com alguma “ite”? Amigdalite, apendicite, faringite… Quando o nome da doença termina com este sufixo, significa que há uma inflamação a caminho ou instalada. E com a tendinite não é diferente. Quando ela entra em campo, as vítimas são os tendões do corpo. Seja nos punhos, cotovelos, joelhos ou em qualquer outra parte, a tendinite pode causar um grande desconforto, muita dor e até comprometer a mobilidade do tendão se não for tratada corretamente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada 100 pessoas sofre com a doença. A incidência alta não é de se espantar. Afinal, o corpo humano tem milhares de tendões. Mas a boa notícia é que quem pratica exercícios físicos e mantém uma boa qualidade de vida têm menos chances de desenvolver o problema. O alerta é da professora de Fisioterapia da UniSociesc, Ana Flávia Daltro de Melo.
“Como a função dos tendões é dar suporte aos músculos, a doença pode comprometer os movimentos. Por isso, é importante que todas as pessoas busquem fortalecê-los. É a melhor forma de prevenção e de recuperar áreas lesionadas”, diz.
De acordo com a professora, a tendinite é uma lesão ou inflamação típica de esforço repetitivo ou da sobrecarga. Conforme Ana Flávia, os tendões suportam uma determinada quantidade de carga, mas, se a pessoa passar da conta, pode sofrer, iniciando um processo inflamatório. E é aí que mora o maior perigo: se deixar o problema rolar, sem buscar a ajuda necessária para o tratamento, a doença pode evoluir para um processo de degeneração.
“Neste ponto, conseguir reverter é muito mais complexo. Muitas vezes, ela vem chegando de mansinho. É só uma dorzinha ‘chata e incômoda’. Só que se não for levada a sério pode se tornar uma doença crônica, fazendo com que a pessoa sinta dor, além de ir desenvolvendo uma atrofia muscular, acompanhada de dificuldade para realizar movimentos e carregar peso naquela região específica do corpo”, avalia.
Será que é tendinite?
O principal sintoma da doença é uma forte dor no local inflamado. O importante é não ficar esperando. O paciente deve procurar ajuda médica. Quanto mais cedo a tendinite for diagnosticada, menos sequelas trará. Após diagnóstico, o ideal é não parar as atividades.
“Não adianta simplesmente tomar remédio e ficar em casa, porque a dor vai parar, mas a lesão vai ficar lá. O certo é buscar apoio especializado para se recuperar por completo, com a ajuda do fisioterapeuta para um processo de reabilitação. Depois, seria muito importante continuar a realizar os exercícios físicos de forma segura sob a supervisão de um Educador Físico. O acompanhamento de um treinador é ainda mais importante para quem sempre teve uma vida sedentária, para saber regular a quantidade de carga. Já em casos de lesões por repetição, uma solução, depois da reabilitação, seria melhorar a ergonomia do processo de trabalho, e principalmente realizar alongamentos durante a jornada de trabalho”, explica Ana Flávia.
Além da dor, também é preciso prestar atenção aos sintomas como espasmos nos músculos, dificuldade para carregar peso ou fazer força, inchaço no local da dor, sensação de calor e cor vermelha na região.
O segredo está no equilíbrio
A prática de qualquer atividade física requer cuidado e orientação. Esportes como corridas, futebol e vôlei, por exemplo, podem sobrecarregar os tendões e causar a tendinite. Além disso, pessoas com sobrepeso, obesidade ou com musculatura fraca também têm maior facilidade para desenvolver a doença.
De acordo com a professora, as comorbidades estão relacionadas com lesões no tendão. Diabetes, obesidade, e o próprio envelhecimento aumentam o risco de desenvolver uma condropatia. “Sedentarismo, doenças crônicas – como a diabetes- e maus hábitos de vida – como o consumo de cigarro – também podem influenciar no aparecimento de tendinites. Por isso, o ideal é se cuidar, praticar exercício de forma segura, comer de forma saudável e beber bastante água”, diz Ana Flávia.
Outro fator que pode causar a tendinite são as doenças autoimunes, pois o organismo pode ver os tendões como uma ameaça e atacá-lo. Nesses casos, é necessário buscar a ajuda de um reumatologista.
Cuidados que podem ajudar na prevenção
1.Alongamento e aquecimento adequados
Antes de realizar qualquer atividade física ou tarefa que exija esforço repetitivo, é importante realizar alongamentos ou exercícios específicos para aquecer os músculos e tendões. Isso ajuda a preparar o corpo para o movimento e reduz o risco de lesões, incluindo tendinite.
2.Mantenha uma boa postura
Uma postura adequada é fundamental para evitar o estresse excessivo em alguns tendões. Ao sentar-se, ficar de pé ou praticar qualquer atividade, certifique-se de manter uma postura correta, alinhando a coluna vertebral e distribuindo o peso do corpo de forma equilibrada.
3.Faça pausas regulares
Se você estiver envolvido em atividades que envolvem movimentos repetitivos, como digitar no computador ou levantar objetos pesados, é importante fazer pausas regulares para descansar os tendões e evitar o acúmulo de estresse. Tente fazer pausas a cada hora para se levantar, alongar, relaxar os músculos e ativar a circulação nas partes do corpo que não estavam sendo movimentadas.
4.Fortaleça os músculos ao redor das articulações
Fortalecer os músculos ao redor das articulações pode ajudar a fornecer suporte adicional e reduzir o estresse nos tendões. Incorporar exercícios de fortalecimento muscular em sua rotina de exercícios pode ajudar a prevenir lesões, incluindo a tendinite. Consulte um Fisioterapeuta ou Educador Físico para obter orientação sobre os exercícios mais adequados para você.
5.Use equipamentos ergonômicos
Se você trabalha em um escritório ou realiza tarefas que envolvem o uso prolongado de equipamentos, como teclado e mouse de computador, é importante usar equipamentos ergonômicos que ajudem a reduzir a tensão nos tendões. Isso pode incluir a utilização de cadeiras com suporte adequado para a coluna, teclados e mouse ergonomicamente projetados, ajustes na altura da mesa e apoio para os pés para promover uma postura mais confortável e saudável.
6.Alternância de postura durante o trabalho
Se você trabalha sentado ou em pé, seja em ambiente administrativo ou na produção em uma indústria, alterne a postura no máximo a cada duas horas. Essa medida simples ajudará a reduzir as tensões que surgem nos tendões, músculos e articulações durante a jornada de trabalho.
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Genara Rigotti
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