Considerado um momento extraordinário na vida da mulher, a gravidez gera transformações físicas, emocionais e hormonais na gestante. É nessa fase que o acompanhamento médico da mãe e do bebê é primordial para garantir uma gravidez saudável. Conhecido como pré-natal, esse período é marcado por uma série de exames preventivos que antecipam possíveis complicações e, entre todos os cuidados, como ultrassonografias e vacinação, mas a saúde bucal também deve estar no processo.
De acordo com o coordenador do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera, Willian Martins Azeredo, a cartilha de Saúde Bucal da Gestante, do Ministério da Saúde, informa que os cuidados com a futura mãe e do recém-nascido, denominado como pré-natal odontológico, previne o surgimento de doenças bucais e é fundamental no desenvolvimento do paladar saudável do bebê.
“O objetivo do pré-natal odontológico é reforçar a importância de seguir uma dieta balanceada e zero açúcar durante esse período, prevenindo doenças bucais que podem causar o nascimento prematuro do bebê, evitando também que a falta de controle impacte nos primeiros anos e até na vida adulta, como o desencadeamento do vício em açúcar. Duas avaliações são realizadas pelos dentistas neste caso: na primeira, o profissional analisa as alterações causadas na cavidade bucal da mulher, podendo solicitar tratamentos adequados e menos invasivos; e na segunda, que é focada na criança desde a gestação até a amamentação, monitora hábitos alimentares e orienta sobre o uso de chupeta e mamadeira, entre outros fatores”, explica.
A avaliação odontológica deve ocorrer conforme solicitação do médico responsável pelo acompanhamento do pré-natal. O docente da Anhanguera explica que, na consulta, a mulher deve apresentar a caderneta da gestante atualizada. Nesse documento, constam todas as informações sobre a condição de saúde da paciente, principalmente, o campo sobre saúde bucal, que deve ser preenchido pelo dentista com os possíveis tratamentos odontológicos.
A seguir, Willian elenca as principais alterações causadas na cavidade bucal, durante a gravidez, e que merecem atenção da futura mamãe:
Doenças periodontais, como a gengivite, têm como maior fator de surgimento o aumento dos hormônios e a diminuição da resposta imunológica. Esse problema é causado pelo acúmulo de bactérias nos dentes, formando a placa bacteriana e irritando a gengiva. Essa inflamação causa sangramento, inchaço e, em alguns casos, dores no momento da escovação e ao passar o fio dental.
A falta de tratamento e acompanhamento especializado pode gerar complicações na gestação, como o parto prematuro e ter relação com o baixo peso do bebê. Portanto, ao contrário do que se imagina, a mulher deve seguir com a higiene bucal e uso diário de fio dental, realizar visitas ao dentista de forma periódica e, introduzir alimentos que contribuam para a saúde dos dentes, como frutas, folhas escuras e peixes.
Cárie ocorre devido à má escovação junto ao consumo excessivo de açúcar, causando dor, desconforto e mau hálito. Geralmente, a mulher deixa de priorizar essa etapa de higiene pessoal em decorrência das náuseas. Por isso, é recomendado substituir a escova por um tamanho menor e, em alguns casos, também vale trocar o creme dental para um sabor que seja mais suave.
Vômito ou náuseas são comuns até o terceiro mês de gravidez e, em algumas mulheres, os sintomas podem persistir até o final da gestação. Nesse caso, o vômito pode causar consequências na cavidade bucal, provocando acidez na região da boca nesse período.
Erosões dentárias, em decorrência de episódios de vômito/refluxo e do consumo de alimentos ácidos ou industrializados. A acidez do líquido do estômago pode danificar a superfície dos dentes, afetando sua estrutura. Em qualquer um desses casos, após a ocorrência ou ingestão de alimentos, é necessário escovar os dentes e, se possível, fazer um bochecho com enxaguante bucal.
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