Dados inéditos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), do Ministério da Saúde, revelam que 60,6% da população maranhense está com algum nível de excesso de peso no último ano. São 37,1% com sobrepeso, 16,8% com obesidade leve, 4,9% está com obesidade severa e cerca de 1,6% em obesidade mórbida, um quadro de alto risco para a saúde. Mais de 1 milhão de pessoas são monitoradas pelo sistema no estado.
No Maranhão, dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), do Ministério da Saúde, mostram que o estado realiza, em média, 52 cirurgias bariátricas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por ano. Entre 2017 e 2023, foram realizadas 379 procedimentos na saúde pública, o que coloca o Maranhão na 4ª colocação entre os estados do Nordeste no número de cirurgias realizadas. Pernambuco (1.330), Rio Grande do Norte (569) e Ceará (564) lideram o ranking regional. O número de cirurgias realizadas, abaixo da média nacional, aponta que menos de 1% da população com indicação tem acesso à cirurgia bariátrica.
Segundo o cirurgião bariátrico, Giuliano Campelo, a obesidade é uma doença crônica (incurável), progressiva e que por possuir várias causas precisa ser tratada com abordagem multiprofissional, incluindo acompanhamento médico, nutricional, psicológico e incentivo à prática de atividade física.
“A obesidade é considerada uma doença crônica e o tratamento leva em consideração toda a trajetória e histórico do paciente. Entretanto, os pacientes demoram, em média, 6 anos entre o início da luta contra a balança até a primeira consulta com um médico especialista”, comenta o cirurgião.
Cirurgia bariátrica – A cirurgia bariátrica é um dos principais tratamentos para a obesidade severa ou mórbida e pode ser realizada por meio de diferentes técnicas cirúrgicas, sendo o bypass gástrico e a gastrectomia vertical as mais utilizadas. Cada uma dessas técnicas tem suas particularidades e indicações específicas, que devem ser avaliadas pelo cirurgião em conjunto com o paciente.
Anatomia do estômago e intestino após a gastrectomia vertical (à esquerda) e bypass gástrico (à direita.) │ Divulgação
No entanto, o tratamento cirúrgico não é indicado para todos os casos de obesidade, mas para pacientes com índice de massa corporal (IMC) acima de 40 kg/m² ou entre 35 e 40 kg/m² com comorbidades associadas, como diabetes, esteatose hepática, hipertensão arterial, colesterol alto, apneia do sono, entre outras. Além disso, o paciente precisa passar por uma avaliação pré-operatória completa para avaliar suas condições clínicas e psicológicas para a realização da cirurgia.
Consequências da obesidade – A obesidade afeta não só o físico, mas também aspectos sociais da população. É o caso de Thalita Cunha, de 39 anos, que tem histórico da doença desde os sete anos.
“Fui obesa dos meus 7 aos 27 anos. Minha família toda sempre teve histórico de sobrepeso e obesidade. Sempre lutei contra a obesidade com dietas, medicações, exercícios físicos, SPAs, porém todas sem sucesso”, comenta. “Eu tinha esteatose hepática e picos de pressão alta”, revela Thalita.
Em 2012, no entanto, isso mudou. Ela foi submetida à cirurgia bariátrica. Além da perda de peso e controle das doenças associadas à obesidade, ela comemora a melhora no sono e outros benefícios proporcionados pelo procedimento.
“Eu melhorei minha vida em todos os sentidos! Me entreguei ao esporte, virei meia maratonista, cuido da minha alimentação, durmo melhor, meu intestino funciona melhor, tenho uma vida social. Se seu médico lhe indicar a cirurgia, faça! Tenha paciência, siga as orientações do seu cirurgião, sempre visando uma qualidade de vida melhor. Faça por onde, procure alimentos saudáveis e pratique exercícios físicos! Vai valer muito a pena”, afirma a paciente.