Sandro Muniz leva Xangai-Xingu à FLIP: uma obra-denúncia que floresce em meio ao caos da periferia e questiona o futuro que se avizinha. Em seu novo romance, o autor mergulha na realidade crua de um lixão em São Paulo, onde a vida pulsa em meio à miséria e a esperança teima em florescer. Entre a comunidade indígena e a presença da cultura chinesa, o livro traça um paralelo inquietante entre o presente e um futuro sombrio, mas não sem esperança. Xangai-Xingu é um grito de alerta sobre a desigualdade, a opressão e a busca por sobrevivência em um mundo cada vez mais fragmentado. A obra estará disponível para os leitores durante a FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty, no dia 12 de outubro, às 16h, na Casa Gueto.
Elerson e Crisântemo são grandes amigos e passam a vida tentando descobrir como sobreviver diante da discriminação, desigualdade socioeconômica que colocam grupos em desvantagens e violências que perpetuam um movimento de exploração e opressão através de hierarquias e privilégios. O autor mescla gêneros como distopia e realismo fantástico em uma mesma narrativa e nem por isso deixa de trabalhar situações reais contra grupos sociais oprimidos como indígenas ou quando lemos sobre os chineses que chegam ao Brasil e precisam viver entre toques de recolher e são excluídos de oportunidades, recursos e poder assim como brasileiros, favelados e pobres que precisam de muita criatividade para sustentar os seus lares.
Xangai-Xingu, por meio da sua narrativa seca, direta e surreal, promove a conscientização de classe e a necessidade de mudanças reconhecendo como as diferentes formas de ataques, subjugação e repressão se entrelaçam e influenciam mutuamente. É uma obra que ajuda a quebrar estereótipos e desmascarar a justificativa da vassalagem da dominação social. São 140 páginas que surpreendem o leitor com nuances diferentes. E mesmo com toda a crítica à sociedade da opressão presente na obra, Sandro Muniz acha espaço para falar sobre as felicidades da vida que, em meio ao caos, floresce, germina e dá frutos.
É uma obra que também fala sobre seres humanos que sentem afetos, amores, tensões e tesão. Elerson é o protagonista que tem a sua vida esmiuçada pelo autor e revela as várias faces de um mesmo homem que pode precisar de sangue frio em algumas horas junto com o seu amigo Crisântemo, mas que, em outras, é extremamente amoroso com sua filha Janaína, que sonha se tornar astronauta, e seu par romântico, a Mona Lisa.
A vida na comunidade, encravada entre o lixão a céu aberto e a aldeia indígena, é um paradoxo cruel. O cheiro nauseante do lixo se mistura ao aroma da terra úmida, criando um ambiente degradante, onde a pobreza e a falta de saneamento básico impera. Mas, mesmo diante da adversidade, os personagens se apegam uns aos outros, encontrando na solidariedade e no amor o único refúgio possível. A partilha de um prato de comida, o consolo nos momentos difíceis, e a esperança por dias melhores, transformam a luta diária num ato de resistência e união, forjando laços inquebráveis em meio à miséria.
“A China é uma grande nação que existe há milênios. Quando essa nação compra as noites brasileiras, isso se torna um perfeito pano de fundo para traçar um paralelo entre o presente, e um futuro bem possível fora das páginas do livro, um futuro que se avizinha. Diante dessa realidade, posso dizer que os humanos… bem… os nossos heróis certamente darão um jeito”, argumenta o autor Sandro Muniz.
Trecho do livro:
“Com o salário que ganhava e agora com mais bocas para alimentar, como iria pagar o curso para sua filha ser uma astronauta? Eu fui pobre, não significa que minha filha deve ser. Dizem que, pra nós chegar na Lua, temos que mirar nas estrelas. Bom, vamos mirar no espaço e chegaremos aonde quisermos. Mas nessa matemática faltava algo importante: a grana. Seu plano era voltar a jogar no cassino e a fazer bico de dentista, pegando parte da clientela do Alemão, já que ele não dava conta de tanto serviço e de tanta cachaça. Bico de dentista não era o termo certo; bico de arrancador de dentes podres de pobres, sim.” Página 60, Xangai-Xingu.
FICHA TÉCNICA:
Título: Xangai-Xingu
Autor: Sandro Muniz
Ano: 2024
Páginas: 140
ISBN: 978-85-8297-912-9
Gênero: Literatura brasileiras, Romance
Editora Patuá
Serviço:
Lançamento do livro do autor Sandro Muniz, pela editora Patuá, na FLIP
Dia 12 de outubro, às 16h, na cada Gueto
Endereço: Rua Benedito Telmo Coupê, 277 – Antiga Rua Fresca, no Centro Histórico de Paraty
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ALEX YAN DA COSTA MENDES
jornalista.tamyristorres@gmail.com