O cigarro eletrônico foi introduzido no mercado com um objetivo terapêutico. No entanto, não há registros na literatura científica que comprovem a eficácia desse benefício. Dados do IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) revelam que o uso desses dispositivos no Brasil aumentou 600% em seis anos, de 2018 a 2023, com um crescimento alarmante entre os jovens, algo que não acontecia desde a década de 70, até mesmo em ambientes escolares.
Os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes, vaporizadores ou e-cigarettes, são dispositivos usados para simular o ato de fumar sem a combustão do cigarro tradicional. Eles funcionam aquecendo eletronicamente um líquido, chamado “juice” ou “e-líquido”. Segundo pesquisas recentes, a maioria dos usuários desses dispositivos são jovens, muitos dos quais acreditam que “não faz mal para a saúde” ou que “é melhor que um cigarro”. No entanto, esses produtos podem conter substâncias como nicotina, propilenoglicol, glicerina e aromatizantes, que podem ser prejudiciais à saúde.
Apesar de parecerem uma novidade, os cigarros eletrônicos têm sua comercialização e uso proibidos no Brasil há 15 anos, mas, infelizmente, a fiscalização é ineficaz para impedir o avanço, em especial entre os adolescentes.
Para combater a comercialização desses dispositivos, muitas ações têm sido implementadas, inclusive ações conjuntas como a recente Operação Vapor Digital, lançada pela Polícia Federal (PF) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que inclui o combate desde o contrabando, uso de documentos falsos, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e a formação organização criminosa. Essas ações são importantes, mas não suficientes.
A conscientização da população, principalmente dos jovens, é essencial para combater o uso dos cigarros eletrônicos. Sabemos que o uso desses dispositivos está intimamente ligado ao convívio social, como festas, momentos de descontração e amizades, mas com o tempo isso pode levar à dependência.
Apesar da percepção equivocada de que são uma alternativa segura aos cigarros tradicionais, os “Vapes” apresentam vários perigos significativos para a saúde. Já foram identificados vários sinais e sintomas preocupantes associados ao uso de cigarros eletrônicos. Entre elas as doenças pulmonares tradicionais e uma nova doença chamada EVALI (Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaping).
Os sintomas da EVALI incluem dificuldade para respirar, dor no peito, tosse e até sangramento ao tossir. Além disso, é comum que os pacientes tenham sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos e dor abdominal, assim como febre e sensação de mal-estar. Outras manifestações frequentes são batimentos cardíacos acelerados, respiração rápida, febre e baixos níveis de oxigênio no sangue.
Os prejuízos à saúde são diversos. É necessário urgente criar ações legislativas, educacionais e de tratamento para impedir o avanço do uso deste dispositivo e o aumento da taxa de na morbimortalidade associada ao uso do cigarro convencional e eletrônico. Essa é a principal defesa de mais de 26 estudos publicados recentemente sobre o assunto pelo Brazilian Journal of Health Review.
É fundamental que a sociedade esteja unida na conscientização dos malefícios dos cigarros eletrônicos, principalmente entre os jovens. A disseminação do conhecimento sobre os perigos associados ao uso crônico desses dispositivos é importante para promover a valorização da saúde e prevenir o desenvolvimento de dependência e complicações de saúde graves.
A educação para com a saúde se faz importante também no ponto da proteção do bem-estar das próximas gerações. Participe desta corrente de informação séria e comprometida com a vida. Diga não aos cigarros e similares!
(*) Luiz Tomazelli é pós-graduado em Vigilância Sanitária, possui MBA em Gastronomia. É professor da Escola Super de Saúde Única, nas áreas de gastronomia e nutrição na Uninter.
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ELIZABETH AUGUSTA CARVALHO MATIAS
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