Também chamado de “hormônio do estresse”, o cortisol é responsável por controlar uma série de funções fisiológicas, como por exemplo regular a disponibilidade de energia para as células e o nível de estresse no corpo. Quando desregulado, porém, esse hormônio pode causar uma série de problemas de saúde, como fadiga em excesso e pressão alta.
O cortisol é produzido nas glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins. De acordo com o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, quando o corpo se depara com alguma situação estressante, as glândulas suprarrenais liberam o cortisol na corrente sanguínea, o que aumenta a pressão arterial e a liberação de glicose no sangue. Ao mesmo tempo, as glândulas suprarrenais também liberam adrenalina para atuar junto com o cortisol.
“Os coalas, por exemplo, têm uma adrenal praticamente inexistente. Então ele pode literalmente morrer de susto, porque o corpo dele não sabe responder”, exemplifica o especialista em endocrinologia e metabolismo pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM).
O médico tem estudos sobre o assunto divulgados recentemente pela National Geografic, pela revista Runner’s World e pelo site de informações médicas Medscape.
O cortisol
Segundo o endocrinologista, o organismo libera cortisol sempre que entende que o corpo enfrentará algum tipo de estresse. “Cirurgias, infecções, traumas, acidentes, tudo isso aumenta o cortisol”, explica.
O cortisol é um dos principais hormônios do corpo, uma vez que tem inúmeras funções no sentido de manter o corpo responsivo às demandas diárias. Isso porque ele também ajuda a regular o ciclo circadiano – variação nas funções biológicas que se repete regularmente ao longo de 24 horas.
“Sabemos que se uma pessoa dormiu bem, o cortisol aumenta entre 30% e 70% depois que ela acorda. Mas, se ele aumenta menos que 30% após o despertar, pode ser um sinal de que a pessoa está dormindo mal e está relacionado com fadiga”, pontua o médico.
Altos níveis
No caso de alta nos níveis de cortisol, o corpo pode apresentar sintomas como fadiga em excesso, pressão alta, aumento de peso, perda muscular e baixa imunidade. Em alguns casos, a pessoa pode desenvolver doenças psiquiátricas, como depressão.
Além do estresse crônico, o aumento da produção deste hormônio também pode ocorrer por conta de tumores nas glândulas adrenais ou hipófise – que controla a função da maioria das outras glândulas endócrinas.
“Existem aumentos do cortisol que ocorrem por causas secundárias e aumentos de cortisol provocados por uma produção inadequada do próprio corpo, que induz a produção de cortisol mesmo sem precisar”, afirma Flavio Cadegiani.
De acordo com ele, as principais causas secundárias são depressão e obesidade. “Já o excesso de cortisol independente dessas causas secundárias chama-se Síndrome de Cushing. A principal causa dessa alta pode ser um tumor, um adenoma – que é benigno – na hipófise. E a segunda principal causa é o adenoma nas próprias glândulas adrenais”, completa o especialista.
Além disso, o médico destaca que altos níveis desse hormônio também estão associados ao diabetes. “Inclusive, existe uma condição que a gente chama de hiperglicemia hospitalar. Ocorre quando pessoas que não têm diabetes têm grande aumento de glicose durante a internação hospitalar, tudo porque o cortisol aumenta.”
“Então, o cortisol cronicamente elevado está associado ao aumento de hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, problemas de colesterol e doenças psiquiátricas”, aponta.
Baixa de cortisol
Por outro lado, níveis de cortisol abaixo do normal também podem provocar problemas ao organismo. Alguns deles são: baixa da glicemia, perda de peso, fadiga em excesso (assim como no aumento) e pressão baixa.
“Neste caso, muitas vezes a pessoa até produz cortisol, mas quando tem algum momento de estresse, o corpo não responde aumentando o hormônio como deveria”, diz Flavio Cadegiani.
O médico chama atenção ainda para o uso frequente de corticoides e anti-inflamatórios, que podem desencadear uma queda no cortisol. “Tem que tomar muito cuidado com corticoides. Quando a pessoa usa por períodos prolongados, a produção natural de cortisol pode ser até inibida”, enfatiza.
Como equilibrar
Algumas das principais estratégias para manter um bom nível desse hormônio no organismo são buscar uma boa qualidade de sono e ter uma alimentação saudável. Práticas como meditação e yoga também são ótimas para o equilíbrio.
“O cortisol desregulado, em geral, não é a causa primária dos problemas, mas sim consequência de um estilo de vida estressante. Então, a pessoa precisa encontrar caminhos para regular, seja por meio de terapias, prática de atividade física, meditação […] O uso de medicamentos para regular o cortisol só é adequado quando realmente há uma desregulação”, finaliza o médico.