A coletânea “Educação e Tecnologia: o uso da Inteligência Artificial (IA) na Educação Básica”, lançada no início de setembro, traz 15 artigos qualificados de embasamento científico, pedagógico, didático e orientador, tendo como foco a influência da tecnologia na transformação do presente e do futuro da educação.
O objetivo da iniciativa é destacar como a IA está revolucionando o ensino e como preparar os alunos para os desafios da nova geração tecnológica. O lançamento aconteceu de maneira virtual e contou com a presença de representantes da ANEC, gestores de escolas associadas, e com a participação especial de José Moran.
Nascido na Espanha, Moran é professor, escritor e pesquisador renomado em projetos de transformação na educação, com ênfase em metodologias ativas, modelos híbridos, projeto de vida e tecnologias digitais. É também autor de diversos artigos e livros voltados para a área de educação e seu artigo “O uso equilibrado da inteligência artificial na educação básica” é o primeiro da coletânea da ANEC.
Dentre os autores que participaram da coleção está Luciano Sathler, PhD em Administração pela FEA/USP e membro Comitê de Educação Básica e do Conselho Científico da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED); Lucas Grubba, Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação e especialista de Inovação; Rafaela Pereira Alvarenga, é professora de Tecnologias Digitais no Colégio Providência em Mariana/MG; entre outros profissionais e especialistas.
O que diz a Igreja sobre a IA?
A abertura do evento foi realizada pela Ir. Adair Aparecida Sberga, Vice-presidente do Conselho Superior da ANEC. “O Papa Francisco nos diz que tanto a ciência como a tecnologia são produtos extraordinários do potencial criativo dos seres humanos”, explica.
“Então a inteligência artificial, ela se origina desse potencial criativo que Deus deu aos seres humanos, que Deus dá a cada um de nós, por isso que nós não podemos ignorar esses produtos em nossos contextos educacionais”, afirma Ir. Adair.
Em seguida, a Irmã Marisa Aquino, diretora 2ª secretária da ANEC e diretora do Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração, ressaltou a importância desse lançamento: “É uma alegria muito grande esse lançamento da coletânea da Educação e Tecnologia, liderada pela ANEC, trazendo o protagonismo para as nossas instituições.”
“Nós sabemos que a inteligência artificial está presente na nossa sociedade já há muito tempo, mas ela começou a aparecer na escola e assustar a educação recentemente. As transformações da escola dependem muito de mudança de mentalidade e da disposição das lideranças para conciliarem o empreendedorismo com o humanismo.”
Ela destaca a importância da formação da equipe pedagógica para as demandas de uma educação contemporânea. “Nós precisamos ajustar a nossa educação com escolas e estruturas do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21”, explica.
“A tecnologia pode nos levar a lugares mais altos, com melhor qualidade e eficiência. É um grande prazer ter o professor José Moran conosco, especialmente liderando esse trabalho da ANEC. Muito obrigada a todos que se dispuseram a participar conosco desse tempo tão especial”, conclui Ir. Marisa.
Como lidar com a IA na educação?
Em sua fala, José Moran ressalta o impacto da IA na sociedade: “Ela [inteligência artificial] vai transformar muito todas as dimensões da nossa vida e, claro, vai impactar também a educação.”
Ele destaca, ainda, a grande polarização que este assunto apresenta. Segundo Moran, os otimistas acreditam que a IA e sua potência transformadora irão impactar radicalmente a educação e os métodos de aprendizagem, principalmente, através de sua capacidade de personalização e rápida adesão.
O especialista afirma que, por outro lado, muitas pessoas só conseguem enxergar seus problemas e o seu potencial “perigoso”, ao ser utilizada em golpes, ou para prejudicar a honra das pessoas. Em sua reflexão, ele afirma que busca ter uma visão mais neutra e realista sobre o cenário atual da IA no Brasil e no mundo.
“Eu proponho uma visão mais equilibrada”, afirma. Em seu artigo da coletânea, ele aborda a ideia de como utilizar as contribuições da inteligência artificial para a educação básica.
“Nós podemos combinar o melhor das competências humanas — como a empatia, o acolhimento, a criatividade humana, a ética, os valores humanos —, tudo aquilo que nos torna humanos, de maneira que a educação sempre será o elemento chave, com todo o potencial digital”, explica.
“Para que? Para apoiar docentes, gestores, alunos e famílias, nesse caminhar de uma educação humanizadora, transformadora, que melhore o processo de ensino e aprendizagem para todos, apoiando os benefícios reais e questionando, igualmente, todas as contradições.”
Principais desafios da IA
Segundo o especialista, alguns dos principais pontos negativos da IA e que precisam ser observados é a sua influência na aprendizagem superficial. A ferramenta pode ser considerada um atalho ao invés de incentivar a busca por conhecimento.
Ele ressalta, ainda, que as plataformas podem apresentar erros e informações enganosas, ou ser utilizadas para a manipulação de imagens e vídeos, promovendo a disseminação de informações falsas que podem causar grandes prejuízos para a vida das pessoas.
Outros pontos levantados foram: segurança de dados, a desigualdade no Brasil e as limitações de inclusão tecnológica, e a dependência digital de jovens e adolescentes. “Com a IA, estamos de alguma forma alimentando ainda mais a dependência do digital e temos que trabalhar para um equilíbrio muito maior entre o encontro humano”, explica.
Por fim, ele cita a desvalorização de professores, pela falsa percepção de que a IA poderia substituí-los. “Há escolas e universidades que eu vejo que estão desvalorizando os professores porque acham que a IA já é um tutor, já resolve a maioria dos problemas e parece que podemos fazer tudo tendo acesso a menos professores”, afirma.
A importância da formação contínua de docentes
Dentre os temas debatidos durante o evento, fica evidente a importância das lideranças e das escolas investirem na capacitação e formação de professores sobre o uso equilibrado da tecnologia, não só dentro das salas de aula, mas em sua atividade docente.
José Moran cita que a ferramenta pode facilitar tarefas, otimizar o tempo e ajudar na organização de processos, como planejamento de aulas, sugestões de atividades, resumos e muito mais. “Eu creio que a IA é uma espécie de amplificador de ações e um pouco facilitador de tudo aquilo que nós já estamos fazendo.”
Segundo Moran, a IA pode ser apropriada de formas diferentes em cada tipo de escola e isso influencia diretamente no papel dos profissionais. Ele afirma que projetos sérios, como o da ANEC, que se preocupam em oferecer cursos, workshops e outros formatos de formação dos professores, terão resultados muito positivos.
A coletânea “Educação e Tecnologia: o uso da Inteligência Artificial (IA) na Educação Básica” é uma das iniciativas que demonstram este cuidado da ANEC, trazendo discussões que abordam desde reflexões sobre o impacto da IA na educação até relatos de vivências dos alunos com a ferramenta, incluindo experiências dentro ou fora da sala de aula.
Sobre a ANEC
A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) é uma entidade sem fins lucrativos, de caráter educacional e cultural, representante da Educação Católica no Brasil, e reunida em comunhão de valores com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).
A instituição atua em favor de uma educação de excelência para promover uma educação cristã entendida como aquela que visa à formação integral da pessoa humana, sujeito e agente de construção de uma sociedade justa, fraterna, solidária e pacífica, segundo o Evangelho e o ensinamento social da Igreja.
A ANEC atua em 900 municípios do Brasil, realiza 172 obras sociais e tem como associadas 1050 escolas, que incluem Creche, Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, e 83 instituições de Ensino Superior, que atendem a mais de 1,5 milhão de alunos, além de 353 mantenedoras.
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THAIS MOREIRA CIPOLLARI
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