Por Fernanda Faria*
No que se refere à carreira profissional, o setor de tecnologia não é tão democrático quanto deveria, principalmente no que se refere a inclusão do público feminino. Segundo um estudo do Google For Startups, realizado em 2023, 51% dos entrevistados concordam que existem grandes barreiras para mulheres nesse campo de atuação, e 57% veem o mercado atual como excludente para elas. Além disso, 71% das startups concordam que nas escolas existem poucos exemplos de profissionais bem-sucedidos nesta área. Isso ocorre porque, os modelos de sociedade tendem a replicar as mesmas referências de caminhos tradicionais, como direito, administração e pedagogia, fazendo com que as opções sejam engessadas e pouco democráticas.
Ainda de acordo com o estudo do Google for Startups, 78% dos entrevistados veem o afastamento do jovem brasileiro do setor tecnológico por falta de conhecimento básico. Neste sentido, as instituições de ensino desempenham um papel crucial na formação das mentalidades e aspirações dessas pessoas. É essencial incentivar meninas a explorarem as disciplinas STEM (áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática) desde cedo, garantindo que tenham acesso a oportunidades e recursos iguais. Essa inclusão pode acontecer através de programas extracurriculares, palestras e materiais que destaquem as realizações das mulheres nessas áreas.
Além disso, é vital que escolas e universidades promovam ambientes de aprendizado inclusivos, onde todas as vozes sejam valorizadas, independentemente do gênero, raça ou classe social. Isso não apenas prepara as pessoas para carreiras tecnológicas, mas também ajuda a quebrar os estereótipos de gênero enraizados na sociedade.
Outro desafio que enfrentamos no mercado de tecnologia é a chamada “síndrome da impostora”, na qual as profissionais duvidam de suas habilidades e têm medo de serem expostas como incompetentes. Para superar esse obstáculo, é fundamental criar redes de apoio sólidas. Isso pode envolver a busca de mentoras na indústria, colegas que compartilhem experiências similares e grupos de networking voltados para esse público. Essa troca oferece não apenas orientação e suporte emocional, mas também a chance de compartilhar histórias de sucesso e enfrentar desafios juntas. À medida que as mulheres no campo da tecnologia continuam a se apoiar mutuamente, a confiança e a resiliência aumentam, ajudando-as a se destacarem em suas carreiras.
Diante de um cenário como este, é essencial que as empresas adotem políticas de igualdade de gênero, não apenas por uma questão de justiça, mas também porque a diversidade é um fator-chave para a inovação. Dados e pesquisas já comprovaram que organizações que valorizam a inclusão de mulheres e minorias têm maior probabilidade de desenvolver soluções mais abrangentes e atender às necessidades de um público diversificado. Além disso, podem implementar programas de treinamento e desenvolvimento para ajudá-las a avançar em suas carreiras, bem como estabelecer metas de contratação e promoção de mulheres em cargos de liderança. Uma pesquisa de 2020, realizada pela McKinsey, apontou que a diversidade na diretoria de uma empresa se traduz em mais receita em até 50%.
Em resumo, superar os desafios que as mulheres enfrentam no mercado de tecnologia requer uma abordagem abrangente que começa na educação, passa pela construção de redes de apoio e chega às empresas. Tenho certeza que à medida que desafiamos os estereótipos e promovemos inclusão e diversidade nas empresas, estaremos incentivando as próximas gerações e construindo um mercado mais igualitário, que beneficia a todos.
Fernanda Faria é Cofundadora e Diretora de Operações da reprograma, iniciativa de impacto social que ensina programação para mulheres em situação de vulnerabilidade
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